A copa retorna pra casa. É a primeira vez que a copa pisa na áfrica, mas com certeza foi naquele SOLO, quando ainda éramos Pangeia, que o coco, as pedras redondas e mais tarde algum saco com areia enrolada em couro de animal morto na caça rolaram entre os pés dos bafana bafana (menino menino em zulu).
Se não te convence os achados arqueológicos, perceba a batida, a musicalidade. Eu sei que te soa familiar, a mim também. É como se visitássemos nossa casa pobre da infância, o terreno baldio em que rolavam as disputas com os amigos e as rixas com os da rua de cima.
Em outras copas, remendávamos nossos sentimentos patriótas acreditando no futuro da nação. Foi assim que tentaram pintá-la os militares da ditadura, foi assim que vibramos com o primeiro título de 94 após o impeachment de 92. Porém, acredito que esse sentimento não se resume somente ao Brasil. Tai o Zeitgeist de 2006, a primeira copa da Alemanha unificada superando o Muro de Berlim, que não me deixa mentir.
Nessa copa, parece que o sentimento é outro. Parece que pela primeira vez, retornamos. Pisamos no solo onde começamos a formar as nossas tribos, quando as diferenças eram percebidas somente com os seres de outras espécies. Estamos juntos, em um gol, em união. Essa são as mensagens e o desejo que gritam com a campanha 01 Goal http://www.join1goal.org/, com a qual eu quero fazer o meu eco.
Mensagens da capacidade do ser-humano de superar as diferenças dos povos são divulgadas através da Música Waka Waka da Shakira http://www.youtube.com/watch?v=8uRw7kSmiYw, ou o Vídeo do 1Goal http://www.youtube.com/watch?v=4aN5K_lun4E, ressaltando nossas igualdades e estudando nossas diferenças com olhar cuidadoso de quem respeita as diversas culturas que podemos manifestar. Somos capazes de mais, de criar ritmos, gingas, jogadas, capazes de num relance de olhos julgar a distancia e a velocidade necessárias para fazer um gol, sem nem precisar racionalizar sobre isso. (Eu to longe dessa capacidade).
Nos comunicamos por expressões, sentimos a dor e a fome que o rosto do outro mostra, assim como vibramos com a alegria desse mesmo rosto. Que aprendamos com essa copa o caminho de volta para o respeito entre os povos, que somos iguais em energia. Que esse retorno à origem, vivido nessa copa, nos mostre que somos todos areia do mesmo deserto. Essa mensagem a cultura africana conhece muito bem, e sabe passá-la em ótima batucada.
Ubuntu a Todos
2 comentários:
Não é à toa que a próxima copa será aqui no Brasil. Não somos tão diferentes da África assim. Vemos ainda muita pobreza, miséria, fome, falta de educação (em todos os sentidos), embora aqui seja de uma forma mais "mascarada", pois ainda nos preocupamos em vender uma imagem para os países "ricos".
Mas não esquecendo o passado, pois na época da Pangea éramos irmãos siameses né mesmo? Então concordo contigo, a alegria desse povo em forma de batucada, dança e, porque não, em vuvuzelas (embora eu odiar), é uma forma de celebrar essa conquista que lhes foi tão importante. Um mundo de contrastes. tanto a oferecer e quase nada em retorno.
Quem sabe os horizontes não ficam melhores pra esse povo que, por serem o berço da nação, nunca receberam devida atenção e respeito.
Ubuntu!
Muito bom, o seu blog, palavras bem colocadas!
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