quarta-feira, 18 de março de 2009

Let It Burn

O fogo... O fogo tem a sagacidade de ir queimando devagar, como numa crescente, cada vez queimando mais e cada vez mais quente. É assim o filme Queime depois de ler (2008) dos Irmãos de prenomes quase desconhecidos Cohen (Ethan e Joel).

Osbourne Cox, interpretado por John Malkovich, ex-funcionário da CIA, resolve escrever um livro sobre sua carreira, contendo informações confidenciais que acumulou durante o exercício de sua profissão. Sua esposa, Katie Cox, pretende se separar e por isso rouba o cd com os arquivos confidenciais. Este, acidentalmente e providencialmente, cai nas mãos de um hilário Brad Pitt, interpretando Chad Feldheimer, e uma confusa, limitada e fútil Linda Litzke, interpretada por Frances McDormand. Estes desejam chantagear Cox para realizarem a cirurgia plástica de Linda, pois trabalham em uma academia e precisam estar esculturalmente atrativos, pois vendem a imagem do corpo.

Todo o narrado acima, se constroe na primeira meia hora do filme, com muita sutileza, a passos lentos, como se fosse um racioncínio enumerado e óbvio, primeiro a demissão, depois o roubo pela esposa e a tentativa de separação, terceiro a perda do cd com os documentos... E por ai vai, casualmente, provável e explicado em qualquer sociedade.

Depois dessa cartilha do pensamento moderno, o filme ganha reviravoltas e surpresas, pensamentos sagazes, pensamentos tolos, blefes. Todos configurados e ditados pela dupla Linda e Chad, que só querem se dar bem, sem ao menos saber em que meio estão ingressando.

A explosão maior do desespero da dupla se dá quando os dois visitam a embaixada da Rússia, sem se dar conta de que a Guerra Fria havia acabado, ainda carregando a possível imagem que tiveram em suas infâncias que o URSS era o inimigo numero um dos EUA, e a CIA era a principal forma de obtenção de informações entre eles.

A embaixada Russa não se interessa pela chantagem, muito menos pelos arquivos, e a dupla resolve blefar. A partir daí Chad, numa das grandes interpretações de Pitt, se transforma num pseudo-mentor, coordenando as ações da dupla, o que dá motivos para muitas risadas.

O filme tem momentos surpreendentes e interessantes, e conduz ao pensamento mais intrigante da sociedade, a futilidade: Todo esse trabalho, por causa de uma plástica?!
Citando em tempo George Clooney com seu personagem Harry Pfarrer, se eu bem me recordo - assisti esse filme em janeiro - Ele interepreta um policial com mania de perseguição, que se torna meio que personagem liga entre os demais personagens que não se conhecem. Ele possui relação com todos os personagens, sem conhecer ao certo essas relações.

Destaque para o grande elenco, que foi escalado para defender esse filme. Os irmãos cohen também têm grande participação nisso.

Vale a pena rir da miséria humana, da desinformação, da ambição sem limites e de suas consequencias previsíveis e desastrosas.

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