sexta-feira, 1 de abril de 2011

Brasília, a capital do desnegócio

Era um dia mais que especial, e eu de pronto fui logo no início da tarde à academia, voltei pra casa, tomei banho, passei hidratante na tatoo e fui de bermuda e havaianas à uma reunião que faríamos na Creperia Tio Gu para comemorar o aniverário da Jejê, amiga pra todas as horas e todos os fusos.

Já atrasado, como sempre, liguei pra alguns amigos para comprarmos uma torta para celebrarmos os parabéns. Não poderia ser torta de outro lugar: Fui na Torteria de Lorenza e comprei uma torta alemã e uma vela rosinha com um ponto de interrogação, porque sempre é bom manter alguns segredos, inclusive a idade.


Em homenagem aos crepes que jamais retornarei a comer na Creperia Tio Gu
 Ao chegar no local, fui logo recepcionado por uma garçonete, que sendo simpática, disse que havia uma taxa de R$ 20,00 para consumir a torta nas dependências da torteria. Como de onde eu vim (e as vezes parece ser de marte), não tem isso nem em sonho, disse que gostaria de conversar com a gerente, que talvez entenderia minha posição e mudaria de idéia (às vezes eu esqueço que as secura do cerrado afeta algumas mentes.)

Em conversa com a gerente, fui informado de que, por ser um restaurante, eles não permitiam o consumo de outro tipo de alimentação que não fosse produzida por eles. Sim, tem lógica, e percebi depois que muitos brasilenses não defendem completamente essa idéia, mas também a acham justa. Eu a acho completamente descabida e passo a explicar os porquês.

Em contra argumentação, disse à gerente que se ela vendesse tortas, eu até aceitaria sua exposição, mas que não era o caso, e cantar parabéns em crepes doces não é moda nem em Paris (Entederam, crepe-paris?! rsrsrs). E que além disso, aquilo era a simbologia de uma brincadeira, um parabéns inusitado, e que o ganho dela seria que os convidados (mais de trinta por sinal) iriam consumir em plena quarta-feira à noite, crepes salgados, doces e bebidas.

A gerente argumentou que se todos fizessem isso, ela não venderia mais comida, e eu, irônico como sempre, disse: "Eu adoraria que todos viessem com seus bolos e comemorar aniversários em meu estabelecimento, uma vez que é sinonimo de gente consumindo e diversão, pouco me importaria por uma ou duas tortas por dia no ambiente, tendo sempre a casa cheia". Não havendo mais argumentos, paguei a quantia estipulada e boicotamos os 10% do garçom. Acreditem: a gerente saiu no preju.

As 30 ou 40 pessoas que ocupavam o segundo andar da creperia, estavam alí por serem convidadas da aniversariante, e poderiam estar em qualquer outro lugar bebendo ou comendo, mas por opção da aniversariante escolheram a creperia para investir seu rico dinheiro e consumir. Se a argumentação é finaceira, alerto que a aniversariante serviu como marketing viral e fez uma propaganda, ainda que indireta, do estabelecimento, pois esperamos que outras pessoas tenham gostado do ambiente e retornem em outras épocas do ano que não sejam aniversários.

Essa é a máxima da vida, ceder pra ganhar. Eu sei que não vou vender 5 ou 10 crepes doces por causa de um bolo, mas fidelizo clientes, atendo bem ao meu público e transformo o meu lugar num ambiente divertido e chamativo ao público jovem. Argumentos que pra mim seriam mais interessantes do que a rigidez de cobrar os famigerados R$ 20,00. E acreditem, não adianta tentar negociar em Brasília, parece que aqui não se tem a noção que o ganho ou a perda de dinheiro são flutuantes, e que negociar sempre é o melhor remédio.

Fiz quizumba sim, ainda mais quando soube que um casal da mesa, em uma outra oportunidade, teve algum tipo de problema em relação ao serviço tambpem nessa mesma creperia. Me espanta os brasilienses acharem essa cobrança normal e justa. E gostaria de ouvir sinceramente se esta é a opnião ou se é apenas mais um "costume" que tem se se aceitar numa cidade que ainda engatinha em sua cultura.

6 comentários:

RoPertile disse...

Ola Vicente! Realmente é um desnegócio!
Mas não é só aí não. O que eu chamo de "economia burra" tem em todo lugar.
Existe um restaurante famoso perto de onde trabalho que dá o bolo de graça com aniversário com mais de 20 pessoas. E minha empresa sempre ia lá. E se tivesse 19 pessoas, eles não queriam nem saber! Paga-se a torta!
O que fizemos? Agora comemoramos em um restaurante que é extremamente cortes e se faltar o número mínimo, ele dá o bolo assim mesmo.
O que acontece? Lotado na hora do almoço - todos os dias!!!
É a gana do lucro!
bjk

Unknown disse...

Então, eu tb vim de um lugar que restaurante dava a torta se vc levasse de 30 a 40 clientes. E lotava sempre.

Marcos L. S Costa disse...

Olá grande carioca de boas terras Vicente Moragas. Meu amigo você tem o talento de escrever bem e de ser protagonista de histórias que são trágicas mas hilárias em sua forma e perigosas no seu conteúdo profundo. Nunca fui a citada creparia, mas o seu serviço comunitário, me ajudou a nunca ir e jamais recomendar. Se é R$20,00 que a gerente queria por uma torta, ela teve. Mas irá perder muitos reais em consumação depois que eu divulgar seu post para amigos e aparentados. Se temos a palavra como arma, vamos a luta! Eu acho um absurdo a cobrança e a inflexibilidade do profissional, que vive do comércio e deveria saber que a satisfação hoje é a geração de lucros maiores no amanhã. Abraço Moragas.

Laércio Neto disse...

Gostei bastante de sua escrita.
Seguindo-te. Pode me seguir ?

Jussara Christina disse...

Olá! Estava navegando na blogosfera e me deparei com teu blog, adorei!
Amo fazer novas amizades, conhecer pessoas, trocar idéias, novas perspectivas, algum sentido pra tudo isso aqui.
Teu cantinho é cativante, eu me interesso muito pelo universo masculino, acho tão simples ... e gostei extremamente do seu perfil, e creio que a "TROCA" realmente nos alimenta de novas idéias e conhecimentos.
Já estou te seguindo...
Se puder visita meu blog, e conheça um pouquinho desse ser complexo kkkkkk..
Abraços apertados!

*´¨)
¸.•´¸.•*´¨) ¸.•*¨)
(¸.•´ (¸.•` *♥ Jussara Christina ♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥

Anônimo disse...

Adorei esse texto e o fato de vcs não pagarem os 10%!