Iniciando este blog que tem por obrigação esportiva, iluminar outros cantos do cenário principal, para ver se construímos algo ou enxergamos diferente do que o foco central, penso um pouco sobre as questões abordadas nesse filme.
O filme fala da liberdade individual de escolha de uma forma tão sutil, porém tão presente nas argumentações de Nick Naylor (Aaron Eckhart), que a vontade de acender um cigarro enquanto assistía o filme foi suprimida pelo contexto maior, que é a forma como a lei se impõe, ou tenta impor, seus padrões a todos os cidadãos.
O ponto em que isso é descortinado, é o momento em que a professora da classe solicita que os alunos escrevam duas páginas sobre o tema "porque os EUA são a melhor forma de governo existente", ou algo desse tipo, grandioso e ignorante, quando ensinado as crianças,e perigoso, quando reproduzido na legislação.

Não importa a sua vontade de fumar, não importa se você deseja aquele feto, não importa sua sagacidade para os jogos, no meu estado você não pode abortar, jogos de azar estão fora e cigarros, somente se você vir o estado degradante que ele deixa no seu pulmão ou até mesmo uma caveirinha de perigo, típica dos piratas.
A moral pseudo-cristã (acostumem-se com os pseudismos nesse blog) dita uma regra de comportamento ainda muito forte nas cláusulas e parágrafos que regem o código de ética. Impor a vida àqueles que vivem sabendo como gastá-la, pois fato é que todos nos a gastamos diariamente.
Na viagem de carro junto com o filho (Cameron Bright), indo subornar o antigo homem malboro, Nick Naylor diz ao seu filho que o seu trabalho poderia ser feito por qualquer um que tivesse a "moral flexível", e essa é a chave central do filme. A flexibilidade de garantir qualidade e bem estar aos fumantes, deve ser a mesma que garanta aos não-fumantes a vida e o direito de levar ao caixão um pulmão intacto. E esta minha frase não se resume somente ao cigarro.
Iluminando em outro ponto, o filme também propõe a ganância dos barões do tabaco, que exigem campanhas que influenciem o consumo do cigarro, aumentando assim a produtividade da industria.
Porém a definição de Nick Naylor a reporter interpretada por Kate Holmes de que ele seria uma espécie de diplomata da industria do tabaco junto a sociedade que luta pela diminuição do fumo se torna clássica quando a absorvemos para cada um de nós. Todos somos embaixadores das nossas vontades equilibrando nossos atos pelo que é divulgado em campanhas anti ou pró, regulamentados por leis desatualizadas. Cabe a nós as responsabilidades e as consequencias, e que estas não venham ser ditadas por letras escritas à tinta em papiros ultrapassados.
Este filme mostra a necessidade de uma sociedade mais abrangente, que saiba ouvir a todos os argumentos, antes de criticar por conceitos inadequados e pré-estabelecidos, quaisquer que sejam os atos.
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